Pois é, acho que o título já diz tudo né?
Infelizmente, algumas pessoas nascem com uma propensão genética pra desenvolver a doença, e claro, determinados hábitos colaboram para que as crises fiquem longe, porém, na maioria das vezes elas acabam começando por situações que fogem do seu controle ou experiências que vão se arrastando, se somando e aí vocês já sabem como a história continua…
A depressão e a ansiedade começaram a fazer parte da minha vida desde muito cedo, com 10 anos de idade, enfrentei a primeira crise de depressão. Tudo começou com uma dor de garganta, caraminholas na cabeça e o mais complicado é que dificilmente pessoas da sua família que estão todos os dias com você conseguem perceber o quanto você mudou, que deixou de lado os hábitos saudáveis e coisas que te davam prazer. Aos 10 anos, peguei uma dor de garganta, tive febre, fui ao médico, fiz exames de sangue e tudo ok, aquela virose natural de criança, com a diferença de que desde então comecei a sentir medo de muitas coisas, tinha medo de comer, de sair de casa, de ficar longe da minha mãe… já era fim do período letivo e então, quando chegaram as férias a menina que dava shows na sala de casa imitando as garotas do Rouge de repente sumiu, começou a vestir as mesmas roupas todos os dias, enquanto uma lavava eu usava a outra e vice-versa, parei de me alimentar direito, não saia mais de casa e vivia chorando pelos cantos com medo da vida, com medo de ficar doente, sem mentiras teve uma vez que me convenci inclusive que eu estava com dengue, só pra você ter noção do nível da coisa toda.
Quando as aulas voltaram, e todo mundo começou a notar minha estranheza, inclusive minha mãe, até pensamos que me ocupar das aulas fosse melhorar a situação, só que a gente não sabia com o que estava lidando e cada dia pra mim era uma martírio. Eu ia pra aula, chorava, minha mãe me buscava e isso foi se repetindo até que a diretora da escola chamou minha mãe pra conversar e aconselhou que ela procurasse um psicólogo pra mim por que aquilo não era normal pra uma criança da minha idade, eu lidava com os problemas que tinha da mesma forma que um grande empresário bem sucedido. Pois bem, fui pra psicóloga apenas uma sessão. Já que na época a gente não tinha como bancar um tratamento particular, lá fomos nós para o SUS, só que a psicóloga ficou doente, pegou uma licença e não tinha outra… saí da consulta com a receita de um Floral de Bach pra equilibrar as energias, fui tomando e dentro de algum tempo já comecei a me sentir melhor. Mesmo sendo tão novinha eu li muito sobre o assunto, procurei de todas as formas entender o que eu tinha e o que eu podia fazer pra ser maior que tudo aquilo. Tomei o floral Rescue Remedy, por mais ou menos uns dois anos e claro que vinham os episódios de melancolia, assim como na vida de todo mundo, mas eles passavam e tudo ficou bem.
8 anos depois, passei por uma nova crise de stress, que quase me derrubou, era final do último semestre do curso técnico que eu fazia, eu trabalhava o dia todo, não tinha tempo de cuidar de mim e as coisas foram virando um bolo de neve. Consultei com um médico homeopata, desabafei, tomei as homeopatias que ele me receitou, fiz terapia Reiki e logo que o curso terminou consegui ter mais tempo pra mim e fiquei bem outra vez.
E agora no auge dos 22 anos, cá estou eu tomando cloridrato de sertralina e desabafando com vocês. Sei que tudo que vou escrever aqui é puro desabafo, mas pode ajudar muita gente que também precisa procurar ajuda, que não está bem e também não sabe o que está acontecendo, assim como sei também que muita gente nem vai ler tudo isso, mas só o fato de eu opder de alguma forma jogar isso pra fora, me alivia de uma maneira que vocês não tem ideia!
Desde o final do ano passado comecei a ter uns sintomas estranhos, tremores nas mãos, meu coração acelerava do nada, parei de me alimentar direito, fiquei muito preocupada com a situação, fiz exames de sangue, levei pro médico e nada. Só falavam que era a única coisa que podia estar me incomodando era a glicose, mas que não era baixa o suficiente pra me deixar daquela forma, então eu devia me alimentar direito e ia ficar tudo bem. As férias chegaram e tudo aconteceu como devia, me diverti, descansei, me alimentei bem, voltei a trabalhar no fim de janeiro desse ano e muitas situação colaboraram pra que o meu nível de stress fosse parar nas alturas. Ainda em 2014 passei por outros problemas familiares que me deixaram muito abalada e geraram muito stress e o começo de 2015 não foi diferente, os problemas que apareciam não tinham culpa de ninguém, até quero me desculpar com as pessoas que fui grosseira ou que eu podia ter lidado de uma maneira diferente, aquelas que acabei não dando a atenção que mereciam.
No mês de julho desse ano, ainda com os tremores e taquicardia fiz exames de tudo quanto é coisa e nada, não tinha anemia, não tinha distúrbio de tireoide, não tinha infecções, tudo certo. Mas eu continuava tremendo muito, sentindo uma fome que não cabia em mim em horários inapropriados, de manhãzinha e a noite enquanto que meio dia não sentia vontade de comer nada, comecei a sentir um cansaço incomum, daqueles que você chega do trabalho e não consegue se mexer, não conseguia dar uma caminhada que parecia que eu ia desmaiar, comecei a chorar debaixo do chuveiro porque não conseguia entender o que havia de errado comigo, eu estava fazendo o possível pra me alimentar bem, meus exames não diagnosticavam nada de errado, estava no limite do surto. Comecei a ter uma insônia infeliz, dores de cabeça terríveis, até que chegou o dia em que isso começou a afetar minha produtividade no trabalho, eu acordava de manhã e não tinha a menor vontade de sair da cama, de ver pessoas, torcia pra ninguém conversar comigo, só pra não ter que responder. Aí veio o dia que cheguei no meu limite, meu corpo não aguentava mais as tentativas que eu vinha fazendo…
Começou com uma fraqueza, porém a pressão estava boa, a glicose também, o tremor nas mãos começou a tomar conta e eu achei que ia apagar. O pessoal do trabalho me trouxe pro hospital e na sorte, peguei o plantão de um neurologista e veio o diagnóstico: uma depressão profunda grave e sintomas sérios de ansiedade! Sobre o médico que me atendeu, não sei se posso citar o nome dele aqui, só tenho elogios e agradecimento sincero, fui muitíssimo bem atendida, quando chegou a minha consulta o médico deixou que eu falasse tudo, me fez várias perguntas, me examinou, fez alguns testes, mas o diagnóstico dele foi certeiro, muito obrigada viu do fundo do meu coração!!! Estou tomando medicação já, vou fazer um tratamento longo acredito, sei do esforço que isso vai demandar de mim, também fui encaminhada pra acompanhamento psicológico!
Agora quando eu paro pra pensar percebo, que há muito tempo deixei de fazer as coisas que me davam prazer… minha vida começou a se resumir em trabalhar e vir pra casa comer e dormir e se eu tenho um conselho pra te dar é esse: cultive coisas que te dão prazer, ame, demonstre amor, dê carinho, converse, esteja ao lado das pessoas que você gosta, enfrente a vida de frente sem medos! Se você anda quase ou na mesma situação que eu: procure ajuda! As vezes pequenas atitudes melhoram muito nossos dias, mas nem sempre elas são o bastante e chega uma hora que a gente precisa assumir que não estamos mais dando conta! Se você está longe de passar por tudo isso, ok, você é uma pessoa de sorte sabe?? Agradeça a Deus todos os dias e mostre esse post pra alguém que você ache que precisa de uma luz no fim do túnel sabe, é muito mais fácil para quem está de fora ver!
Beijocas meu povo, enchi vocês né? Mas eu precisava e sinto que muito mais pessoas que eu possa imaginar podem se beneficiar desse texto… agora é erguer a cabeça, resgatar as forças e seguir em frente ne?? :*